Em Mulher na Praia, Jongraee, um diretor de cinema, convida seu assistente e a namorada deste para passarem uns dias na praia a fim de terminar um roteiro de um filme. O diretor Hong Sang-soo traça com frieza e humor um início de triângulo amoroso entre os três personagens. Posteriormente, com a saída do assistente na trama, vamos percebendo as intenções de Jongraee: reescrever sua personagem no roteiro. E para isso, disseca os sentimentos da mulher para depois passar a outra. É um olhar um tanto amargo para as situações porque Hong Sang-soo parece pouco interferir a não ser constatar a confusão mental de Jongraee, mas, por outro lado, Mulher na Praia diverte o público pelo humor quase ácido das relações amorosas. Justamente por ter uma narrativa pouco afeita a grandes acontecimentos, e se aproximar muita mais da crônica desimportante, a despretensiosidade do filme é o que o torna grande. O estilo de Mulher na Praia lembra muito os filmes da nouvelle vague. (Dir: Hong Sang-soo, Coréia do Sul, 2006)
A FELICIDADE DOS SAKAI ****
A Felicidade dos Sakai, filme único do diretor japonês Mipa Oh, com roteiro premiado no Sundance 2006, é a história de uma família de classe média japonesa onde somente os pequenos conflitos do filho pré-adolescente e as brigas sem importância dos pais quebram a rotina dos Sakai. Entretanto, a ruptura da paz vem com o anúncio do pai da família ao assumir sua homossexualidade e sair de casa. Mais tarde, ficamos sabendo que o pai, na verdade, tem uma doença e inventou um relacionamento com outro homem para se distanciar da família e evitar o sofrimento desta. A Felicidade dos Sakai é bastante econômico na trilha sonora e nos movimentos de câmera. Só pra usar um clichê perfeitamente adequado para o filme, aqui o menos é mais. Muito mais. (Dir: Mipa Oh, Japão, 2006)
A Felicidade dos Sakai, filme único do diretor japonês Mipa Oh, com roteiro premiado no Sundance 2006, é a história de uma família de classe média japonesa onde somente os pequenos conflitos do filho pré-adolescente e as brigas sem importância dos pais quebram a rotina dos Sakai. Entretanto, a ruptura da paz vem com o anúncio do pai da família ao assumir sua homossexualidade e sair de casa. Mais tarde, ficamos sabendo que o pai, na verdade, tem uma doença e inventou um relacionamento com outro homem para se distanciar da família e evitar o sofrimento desta. A Felicidade dos Sakai é bastante econômico na trilha sonora e nos movimentos de câmera. Só pra usar um clichê perfeitamente adequado para o filme, aqui o menos é mais. Muito mais. (Dir: Mipa Oh, Japão, 2006)
Comecei a desconfiar de Sombras Elétricas logo no início da projeção. Depois de um acidente em que Mao Dabing cai de bicicleta e derruba uma parede de tijolos num beco, uma moça lhe acerta uma tijolada e ambos vão parar no hospital. Ele pelo acidente e ela pelos problemas psiquiátricos que sofre. Mao Dabing vai à casa da moça para alimentar os peixes a pedido dela. Lá, ao ler seu diário, entra no passado pelo flashback, aliás, 90% do filme é um flashback. Foi aí que a luz alerta piscou: tratava-se de um filme com a gramática de Hollywood. Flashback, câmera lenta nos momentos mais emocionantes, música crescendo à medida em que algo estava para acontecer e uma série de recursos para não deixar ninguém com os olhos secos. Realmente não deu para resistir. É um filme muito bonito porque trata da paixão da menina pelo cinema durante a infância, mostrando uma China comunista romântica, e do reencontro depois de tantos anos com o amigo Mao e com os pais. (Dir: Xiao Jiang, China, 2004)
Filmar quase em tom de crônica a rotina de um hospital é um modo de simples de falar do filme do tailandês Apichatpong Weerasethakul. Na verdade, o que se investiga neste filme é menos as ações em si que os intervalos entre as ações. É mais o modo como se dá que o fato. É até por isso que mais adiante, na segunda metade do filme, revemos cenas parecidas filmadas por outro ponto de vista, quase sempre o oposto. Síndromes e um Século também passa do hospital ao ambiente natural, ao verde, quase sem dar a perceber. Faz isso de modo tão hipnótico que apenas dá a imagem e o som como contemplação. Seja a do hospital, a das árvores e do lago ou a imagem e o som de um show do dentista que canta nas horas vagas. É quase impossível falar do filme pensando em narrativa, já que a experiência sensorial é quase um abismo para o espectador se perder nos planos e entre eles. (Dir: Apichatpong Weerasethakul, Tailândia, França, Áustria, 2006)
Filme baseado nos quadrinhos da Dasepo, As Bonecas Safadas de Dasepo é uma paródia extremamente sexualizada do americano High School Music. Toda a trama gira em torno das conquistas amorosas dos adolescentes. Anormais são os adolescentes que não transaram com os professores, por exemplo. Não há nenhuma pornografia no filme, mas muitas piadas da cintura para baixo. O imperdível são os números musicais e as cores usadas nos cenários e nas roupas dos personagens. São lindos os adolescentes coreanos e seu comportamento frenético de fotografar com o celular tudo que vêem. O colorido é a tônica das bonecas e dos bonecos safados da escola Dasepo. (Dir: Lee Jae-Yong, Coréia do Sul, 2006)
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